sábado, 28 de janeiro de 2012

9:55am

Bom dia, não sei quanto a você mas acabo de acordar. Sono leve como um cochilo de cinco minutos, sono longo de exatos vinte e nove dias. Sono leve e longo. Extraordinariamente necessário. E como eu queria que tivesse durado mais, nem que ao menos fossem mais um, ou mais dois. Só mais algumas horas para conversar e ficar sem fazer nada, como se o mundo exterior não existisse. Não tem contas para pagar, horário para acordar, livre como a pena que dança e sorri pelo ar, passando pela janela, de longe. Eu disse, jurei, prometi, e peço a quem eu puder pedir, não me deixem abandonar-me. Não abandonar a mim, mas sim abandonar o que me tornei. Vinte e nove dias de um belo sonho, sem nada muito grande, na verdade tudo muito simples. Eu precisava, e como precisava, sempre precisarei. Tantas coisas a serem feitas, ditas, pensadas, escritas, e o remorso por ter acordado começa a martelar a mente. Semelhante a quando acordamos cinco minutos antes do horário necessário e estes cinco minutos se perdem em meio ao próprio tempo. E quanto eu lutei para não colocar os pés no chão. Sabe, às vezes, só de vez em quando, o chão está bem mais frio do que aparenta. Talvez o maior problema não seja o acordar em si e sim o quanto corpo e mente lutam contra isso. Será realmente necessário? Toda a solidão e todos os problemas. De um lado tão frio, outro tão quente. Talvez seja só saudade, sim, saudade. Não existe tempo nela. Mais presente e necessária que pareça. Só nos damos conta quando sufoca, aperta o coração e escorre pelos olhos. Talvez não seja muito além do tempero da vida: estar aqui sentindo falta de lá, e estar por lá morrendo de vontade de cá. E vamos indo e vindo que uma hora tudo passa, tem de passar. Um ano inteiro já foi, aqueles malditos cinco meses terminaram e felizmente com esses 70 dias também chegarão ao fim. É fácil falar um milhão de coisas a respeito de algo o difícil é rasgar mais de duzentos quilômetros segurando o choro e dizendo pra si mesma que essa despedida não é permanente. Pelo menos nada volta, ou infelizmente. Só se toca a vida para a frente, sobre o passado só memórias, cabe a cada um medir se serão boas ou ruins. Preencher o oco com outras muitas sonecas, sonos leve, longos.